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Durante muitos anos foi absolutamente desejável e obrigatório, do ponto de vista social que os casais permanecessem juntos, coabitando até que os filhos crescessem e formassem as suas próprias famílias, independentemente dos problemas que existissem entre os cônjuges.
Quando os casais não seguiam esta regra e se separavam, como que caía sobre as crianças uma espécie de estigma ou maldição. Os filhos de casais separados tornavam-se os abandonados, que tinham de carregar essa vergonha como marca diferenciadora pela vida fora. Como se a responsabilidade da separação parental fosse sua e dessa situação adviessem todas as tentações que os iriam tornar potenciais delinquentes.
A consciência deste ponto de vista, foi muitissimas vezes, o motivo para que se mantivessem casamentos, que só o eram na fachada. Tudo era feito para evitar o estigma e a vergonha que a sociedade fazia incidir sobre as famílias cujos pais se separavam.
No entanto, no espaço de uma ou duas gerações, a mentalidade mudou radicalmente, passando a considerar-se a afirmação de que só aguento isto por causa das crianças, como uma desculpa esfarrapada, sem qualquer razão de ser.
Hoje considera-se que os adultos não devem hipotecar as suas vidas pelo conforto dos filhos e que estes não são mais felizes só por terem pais que continuam juntos, apesar de se sentirem zangados e frustrados, antes pelo contrário, entende-se que podem até ser bem mais infelizes, do que se os pais estivessem separados. Daí que se tenha passado a considerar, que é de bom senso ter pais separados mas felizes, em vez de pais juntos, mas infelizes.
Mas aqui é que começa o problema real, no pressuposto de que os pais que se separam, por se darem mal, vão passar a dar-se bem, depois da separação:
Sabe-se que existem situações em que, assim acontece, em que as pessoas envolvidas, por serem altamente civilizadas, conseguem destrinçar claramente o que é da esfera do relacionamento parental e o que é do foro do relacionamento do casal. Estas pessoas conseguem perceber que não é bom para a saúde emocional e psíquica dos filhos fomentar ódios denegrindo a imagem do ex-cônjuge, por isso empenham-se em preservar e promover o outro perante os filhos.
No entanto estes casos são minoritários, infelizmente. A grande maioria dos casais que se separam, fazem-no zangados, cheios de raiva e desejo de vingança, achando que o ex-cônjuge não presta e não merece ser amado pelos filhos.
Conscientemente ou não, arrastam os filhos para a sua arena usando-os como arma contra o outro. Ficam irritados, se as crianças revelam alegria e felicidade por passarem tempo com o outro progenitor, transmitindo por palavras e/ou actos aos filhos que estes têm a obrigação de tomar o partido de um como sendo a vítima, enquanto o outro é o culpado, não podendo gostar dos dois progenitores. Nestes casos ter os pais separados é sem dúvida, um fardo pesado para as crianças, não por aqueles estarem divorciados, mas sim, porque são inimigos e, como tal o seu objectivo é denegrir o ex-conjuge, mantendo-o afastado e em segundo plano no desempenho seu papel de progenitor.
Só que um dia as crianças crescem e consciencializam-se das chantagens e manipulações de que foram alvo e, tendo-se tornado peritas nestas, voltam o feitiço contra o feiticeiro, o que tem dado origem a situações muito difícies de gerir...
Por isso, o ideal não é que os pais não se separem, mas sim que entendam que a sua separação é unicamente entre eles enquanto casal e nunca entre eles e os filhos.